Manden Baobá, localizado na Vila Mariana, oferece sobremesas e drinks com o fruto da árvore ancestral
Símbolos da ancestralidade africana, os baobás são árvores gigantescas, com troncos largos, até dez metros de diâmetro, que podem viver dois mil anos. Na mitologia iorubá, elas conectam o mundo material ao imaterial. Folhas, frutos e sementes são comestíveis e saborosos: aqui entra o Manden Baobá, novo restaurante africano da cidade, localizado na Vila Mariana, na zona sul da capital.
O adjetivo “novo” não se refere apenas à inauguração recente, em outubro do ano passado. Novo se refere também ao uso do baobá em vários pratos, com cuidado na elaboração e apresentação das receitas, à geração de empresários que veio ao Brasil para estudar e empreender e também à atenção da equipe às redes sociais. Esse caldeirão ajuda a explicar as longas filas que se formam na porta do restaurante nos finais de semana. Mas vamos com calma, um ingrediente de cada vez.
O Manden Baobá nasceu após a elaboração de um plano de negócios que considerou, entre outros aspectos, a região. A presença de instituições de ensino importantes, como a ESPM e a Faculdade de Belas Artes, foi um aspecto importante. É o primeiro restaurante africano na Vila Mariana. “É a ocupação de um território”, resume a co-fundadora e CEO do Manden, Laila Santos, de 29 anos, que é brasileira.
Restaurantes africanos reforçam o turismo afrocentrado, diz especialista
O nome do estabelecimento também é uma reverência à ancestralidade africana. Amílcar explica que Manden foi um dos maiores impérios da África e polo comercial entre o mar Mediterrâneo e o interior do continente por volta dos anos 1230. O império foi governado pelo rei africano Mansa Musa no século 14, entre 1312 até sua morte, em 1337. Até os dias de hoje, ele é considerado uma das pessoas mais ricas da história da humanidade.
E Baobá é a árvore da vida. Trata-se de uma espécie centenária cercada de simbolismos, como, por exemplo, fazer a ligação entre o mundo material e o imaterial. Em relação aos nutrientes, o fruto é muito rico em vitaminas do complexo B (B1, B2, B3 e B6), C e minerais, como potássio, ferro, magnésio e cálcio. Possui propriedades antioxidantes, contribuindo com a digestão e o trânsito intestinal. É considerado um superalimento na África.
O início da história do estabelecimento tem sido promissor. Os 16 lugares são disputados, principalmente aos domingos, quando a fila se esparrama pela rua Capitão Cavalcanti. Os bons resultados enchem os empreendedores de otimismo. Os próximos passos estão cifrados numa pergunta que é quase uma provocação de Laila. “Quantos restaurantes africanos você já viu nos shopping centers de São Paulo?”.
O número de restaurantes africanos na cidade de São Paulo poderia ser aumentado por meio de programas de apoio do poder público aos empreendedores. Essa é a avaliação de Hubber Clemente, gestor Executivo do Fórum São Paulo Afroturismo e CEO da startup Afroturismo Hub, que promove diversas ações de valorização da presença negra no turismo.
“Os empreendedores têm altos custos para abrir e manter seus negócios. Planos de incentivo, focados nesse público, permitiria a presença de mais restaurantes africanos e de culidária afrodiaspórica na cidade”.
A experiência cultural e gastronômica em um restaurante africano fortalece o turismo afrocentrado ou afroturismo, que abrange as práticas de valorização, preservação e reconexão com a identidade e a história protagonizada por comunidades negras. “O afroturismo valoriza a história e a cultura negra no Brasil, contando uma história que nunca foi contada”, diz Hubber.
* Este conteúdo foi produzido em parceria com a startup Afroturismo Hub, voltada à valorização da presença negra na cadeia de turismo
Serviço
Restaurante Manden Baobá
Endereço: Rua Capitão Cavalcanti, 33 – Vila Mariana (a dois minutos do Metrô Vila Mariana)
Horários: Ter à sábado – 12h às 15h • 18h às 21h30
Domingo: 12h às 15h
Segunda-feira: fechado
Preço: R$ 15 a R$ 60