Samuel Lloyd, da empresa Urbia, faz balanço dos quase quatro anos de gestão do parque, inaugurado há sete décadas
O parque Ibirapuera, na zona sul de São Paulo, não deve a nenhum outro no mundo, afirma Samuel Lloyd, diretor comercial da Urbia, concessionária responsável pelo espaço.
Símbolo da capital paulista, o parque completou 70 anos. “Hoje, o parque está muito melhor, as pessoas estão felizes aqui. Ele tem sido cada vez mais lembrado como o parque favorito dos paulistanos.”
Em entrevista à Folha, Lloyd faz um balanço dos quase quatro anos de administração privada do endereço e elenca as prioridades para o futuro.
A Urbia já investiu mais de R$ 200 milhões no Ibirapuera, sendo R$ 166 milhões em obras e R$ 49 milhões, em manutenção. Até o final de 2025, a empresa prevê gastar ainda R$ 50 milhões em benfeitorias.
Sobre a concessão
É importante esclarecer que o parque Ibirapuera não foi privatizado. Não existe projeto de lei de privatização do parque. A diferença entre privatização e concessão é muito clara. Se o parque fosse privatizado, nós teríamos a escritura desse território e de todos os equipamentos de que fazemos a gestão, e não é o caso.
O equipamento continua sendo um patrimônio do município. E nós estamos aqui encarregados da gestão dos serviços.
Melhorias nos equipamentos
Comparando com o que era assim que nós chegamos aqui, é um parque praticamente todo restaurado. Equipamentos que estavam deteriorados já foram recuperados. Por exemplo, o caso do parquinho, ele foi entregue totalmente reformado em maio, emborrachado, houve inclusão de equipamentos, melhora da acessibilidade.
Quando nós entramos, a Oca estava num estado de conservação muito ruim, e demorou um ano para que os órgãos de tombamento [que autorizam obras corretivas no patrimônio histórico e cultural] pudessem agendar uma visita, porque era pandemia. Externamente, tudo já foi corrigido.
O que está pendente é o restauro completo da parte interna, e isso precisa de aprovação dos órgãos competentes. Não sabemos qual é o prazo para que o projeto protocolado seja avaliado e respondido. Não existe uma regra para isso, infelizmente.
Já a marquise é uma obra que precisa ser feita com o parque em funcionamento [a reforma da marquise teve início em fevereiro deste ano, e a estrutura apresentava problemas desde 2019, antes da concessão]. Imagina uma construtora aqui, por exemplo, que não está olhando para a agenda de eventos do Ibirapuera. Aí, ela coloca a obra no dia do São Paulo Fashion Week ou no dia de palestra.
A gente consegue compatibilizar a obra da marquise dentro dos prazos propostos junto com a operação do parque, que recebe mais de 180 mil pessoas no domingo. Esse era o grande objetivo.
Alimentação e comodidade
A gente tem um trabalho de requalificar o que era vigente no parque. Então, por exemplo, onde é hoje o restaurante Selvagem, era uma lanchonete pouquíssimo utilizada. Nós a transformamos num restaurante onde as pessoas do Brasil e do mundo podem vir provar a comida brasileira.
Fizemos ainda um esforço para complementar a experiência das pessoas, de ter um cardápio mais completo. As lanchonetes não vendiam pratos, elas vendiam só hambúrguer, espaguete. Hoje, as pessoas conseguem comer uma salada, um sushi, ter uma experiência desde um café da manhã até um jantar no parque Ibirapuera.
Um outro trabalho muito importante sendo feito é trazer os vendedores ambulantes para a economia formal, melhorar os carrinhos deles para que a gente melhore a qualidade dessa comida mais rápida, trazendo segurança alimentar e segurança para as pessoas que estão trabalhando também. Num processo de concessão, não podemos contar com serviços informais.
Até agora, 46 carrinhos já foram formalizados, faltando ainda cerca de uns 60, que ainda vão passar por esse processo, com muito diálogo. Essas pessoas estão aqui há mais de 30 anos.
Segurança
Eu diria que o parque Ibirapuera é uma grande bolha de segurança em São Paulo. Nós estamos falando de um espaço extremamente seguro.
Há um sistema de segurança muito tecnológico. As câmeras têm um sistema, por exemplo, que detecta sinal de fumaça. Esse é um ponto importante para a gente, se estiver ocorrendo um incêndio no parque, a câmera de segurança pode detectar o sinal de fumaça rapidamente e avisar nosso centro de controle operacional.
Não estou falando só de roubo. Falo da gestão do parque público, da segurança geral dos clientes.
Aceitação do público
O que a gente tem visto é a concessão do parque Ibirapuera inspirar diversos projetos pelo Brasil e pelo mundo. A população, inclusive, tem dado notas cada vez melhores ao parque. As pessoas, às vezes, comparam, por exemplo, a gestão do parque Ibirapuera com a do Central Park [em Nova York], com o Hyde Park [Londres].
Eu acho que são parques muito diferentes e geridos de maneiras muito diferentes. O que eu posso dizer, categoricamente, é que o parque Ibirapuera não deixa a desejar e supera em muitos pontos os principais parques do mundo.
Hoje, o parque está muito melhor, as pessoas estão felizes aqui. Ele tem sido cada vez mais lembrado como o parque favorito dos paulistanos. Está sempre limpo, com banheiros novos, sempre com manutenção em dia. Esse é o nosso objetivo.
O futuro
É muito importante finalização da marquise, a finalização dessas obras que são obrigatórias e a conclusão das obras opcionais, para que o parque tenha atrativos que tirem as pessoas somente do anel central.
O outro ponto importante é que a gente sempre tenha todos os equipamentos culturais à disposição, com atividade o tempo todo. Queremos que as pessoas venham para o parque correr, para cura, para o lazer e sempre encontrem tudo em dia.
Esses primeiros anos concessão foram desafiadores, muito em função até do processo da pandemia, que trouxe muita dificuldade. Essa fase foi vencida com muito sucesso, mas com muita dor por todos nós. E hoje estamos em um momento de celebração mesmo.
Fonte: Folha de São Paulo