A Vila Mariana, na zona sul de São Paulo, é um bairro abençoado. E a bênção vem de todas as religiões, já que a região tem igrejas, templos e centros para todos os tipos de fiéis. Essa diversidade, que se concentra perto das estações de metrô e na Vila Clementino, vai desde instituições estabelecidas há décadas até aquelas que se preparam para ser inauguradas.
O início da Rua Estado de Israel, no cruzamento com a Coronel Lisboa, é um dos exemplos. Lá está localizado o centro espírita Casa do Caminho, que fica na frente do templo Xintoísta do Brasil. Ao lado deles, a Casa de Oração Comunidade Árabe Aberta.
A Rua Domingos de Morais é outro ponto. Além da tradicional igreja católica Nossa Senhora da Saúde, que foi entregue como capela em 1917, há na via seis templos evangélicos, um centro espírita e a mais jovem, Happy Science, cujo templo foi inaugurado em maio do ano passado. A Happy Science prega justamente a união de todas as igrejas. “É maravilhoso estar em um local com essa diversidade”, afirma a monja Sandra Harada, de 46 anos.
Mas nem todo mundo acredita nessa tolerância. Maria Cristina do Nascimento, de 53 anos, tem o Núcleo de Umbanda Águas da Luz, um pouco mais afastado desse burburinho religioso do bairro.
“Existe intolerância, sim, com a umbanda e esse é um dos motivos da pouca representação da religião no bairro.”
Religiões orientais marcam presença em vários pontos na Vila Mariana. Na Rua Rio Grande estão dois exemplos: o templo budista chinês Tzon Kwan, desde 1993, e a Igreja Messiânica Mundial do Brasil. Essa última se instalou no bairro em 1964. Em 1982, foi inaugurada mais uma sede, na Rua Sena Madureira. A sede da igreja Tenrikyo também fica no bairro desde 1971.
“Essa diversidade sempre me chamou a atenção, porque é um bairro com muitas famílias tradicionais”, diz o responsável Eduardo Otake, de 54 anos. O local dispõe de uma biblioteca aberta ao público com mais de 45 mil títulos em japonês.
Identificação. A diversidade de religiões permite que os moradores do bairro transitem por vários credos. O engenheiro Osvaldo Luiz Baccan, de 55 anos, se define como espiritualista. Católico não praticante, ele trabalha como voluntário em um centro espírita do bairro, mas faz questão de conhecer outras manifestações religiosas. “Já fui na igreja católica, na messiânica e também participei de eventos com árabes e judeus.” Presidente da Associação de Moradores da Vila Mariana, ele atribui essa diversidade à imigração, que foi deixando suas marcas no bairro.
Fonte: Guiame