O Museu do Ipiranga (SP) recebe a partir desta terça-feira (11) a exposição “Sentar, guardar, dormir: Museu da Casa Brasileira e Museu Paulista em diálogo”. A mostra, temporária, reúne móveis criados nos últimos quatrocentos anos com soluções criativas para as três ações cotidianas.
Bancos, cadeiras, sofás, caixas, cômodas, escrivaninhas, guarda-roupas, redes, esteiras e camas, todos itens que fazem parte do nosso dia a dia, revelam a evolução dos diferentes tipos de mobiliário do século 16 ao 21 e como nos relacionamos com eles para atender aquelas três necessidades – sentar, guardar e dormir – em cada período.
Ao todo, são 164 peças selecionadas, que estabelecem um diálogo entre os acervos do Museu da Casa Brasileira (MCB), com 118 móveis, e do Museu Paulista da USP, do qual faz parte o Museu do Ipiranga, com 46 peças. Os itens evidenciam a diversidade cultural e social brasileiras, abordando as heranças indígena, portuguesa e afro-brasileira, além daquelas ligadas às diversas imigrações e migrações que marcam nossa sociedade.
Para facilitar o diálogo com o público, a exposição foi organizada por tipos de móveis, permitindo uma comparação clara entre as formas de desenvolvimento do mobiliário, seja por métodos artesanais ou industriais.
Sentar
A seção apresenta móveis populares, cadeiras e poltronas produzidas por designers dos séculos 20 e 21 e conjuntos de sofás e cadeiras dos séculos 18 e 19. Nela, encontra-se um conjunto de tipologias que remete ao uso recorrente dos assentos ao longo do tempo, incluindo cadeiras de balanço, cadeiras para criança, canapés, bancos, mochos, cadeiras de costura e cadeiras giratórias de escritório.
Entre os destaques, estão peças elaboradas para o trabalho, como uma cadeira de barbeiro, e um raro exemplar de cadeira de dentista portátil, além de bancos e esteiras indígenas.
Guardar
Móveis utilizados para armazenar roupas, cartas, documentos e valores integram a mostra. Caixas, canastras, cofres, cômodas, armários, guarda-roupas, contadores, papeleiras e escrivaninhas revelam, por um lado, os modos de dar segurança ao que se quer preservar ou transportar e, por outro, a proteção dos testemunhos da nossa intimidade e das roupas e acessórios que usamos.
Entre os objetos de destaque, estão a cômoda papeleira com seus sistemas de segredo, guarda-roupas de Alberto Santos Dumont e cangalhas utilizadas em mulas para o transporte de cargas.
Dormir
As diversas formas de deitar e descansar praticadas no Brasil ao longo de séculos são exibidas nos móveis que compõem a exposição. Da rede de origem indígena às camas de casal ou de solteiro, estes móveis foram utilizados tanto em espaços compartilhados, como em ambientes cada vez mais íntimos ou individuais.
Pelos vários materiais utilizados em sua produção – como fibras naturais, madeiras, couro, metais para encaixes e molas, plásticos e tecidos – pode-se trilhar o caminho entre o fazer artesanal, muitas vezes feitas por indígenas e negros, e a linha de produção em série, como é o caso das camas Patente.
Muitas das camas foram ofertadas às coleções dos museus por terem pertencido a membros das elites, como a Família Imperial, nobres que receberam seus títulos dos imperadores, como a Marquesa de Santos, ou a personalidades da política no regime republicano.
O módulo também apresenta um conjunto de móveis que pertenceu ao quarto de dona Violeta Jafet, doado em 2017 ao Museu Paulista. Ele é composto por cama, mesas de cabeceiras, penteadeira, sapateira, banqueta, cadeiras e mesa circular e um divã estofado. Nele, “Dormir, sentar e guardar” estavam reunidos em um mesmo ambiente de elite, por meio dos móveis feitos pelo Liceu de Artes e Ofícios, mais famoso fabricante de móveis da cidade de São Paulo.
A curadoria da mostra “Sentar, guardar, dormir: Museu da Casa Brasileira e Museu Paulista em diálogo” é de Paulo César Garcez Marins e Maria Aparecida de Menezes Borrego, docentes do Museu Paulistae, e do convidado Giancarlo Latorraca, arquiteto e ex-diretor técnico do Museu da Casa Brasileira. Também colaboraram os assistentes Rogério Ricciluca Matiello Félix e Wilton Guerra, pela primeira vez juntos.
A exposição está instalada no salão de exposições temporárias, espaço moderno, acessível e climatizado, com 900 m², localizado no piso Jardim, o novo pavimento do Museu do Ipiranga. A entrada para a mostra é gratuita.
Serviço
Exposição temporária “Sentar, guardar, dormir: Museu da Casa Brasileira e do Museu Paulista em diálogo”
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Data: de 11 de junho a 29 de setembro de 2024
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Sala de exposições temporárias do Museu do Ipiranga (ala oeste do piso Jardim) – Rua dos Patriotas, 100, São Paulo/SP
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Horário de visitação: de terça-feira a domingo (incluindo feriados), das 10h às 17h (última entrada às 16h)
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Entrada gratuita
Fonte: Revista Haus