No aniversário de 470 anos de São Paulo, três localidades são testemunhas não apenas da História da cidade, mas de uma autêntica transformação de identidade e de cultura imobiliária ao longo dos séculos: Ipiranga, Mooca e Zona Central.
O Ipiranga tem sua fundação registrada em 27 de setembro de 1584, embora os primeiros registros da região datem ainda de 1510. Por estar no então “caminho do mar”, era um lugar muito procurado pelos colonizadores e chegou a ter 1,5 mil pessoas no fim do século XVI.
Esse retrospecto faz do bairro — onde Dom Pedro I proclamou a Independência do Brasil, em 1822 — uma viagem no tempo, com dezenas de casarões tombados, monumentos, ruas com nomes de famílias que fundaram a cidade, além do Parque da Independência e do recém-restaurado Museu do Ipiranga, inaugurado em 1895.
“Toda essa História provoca no morador do bairro um sentimento de orgulho muito grande”, afirma Gabriela Canfora, VP de Negócios da Incorporadora Mitre Realty — e ipiranguense de carteirinha.
Nascida e criada no bairro, a executiva destaca o perfil familiar e a qualidade de vida proporcionada pela boa rede de serviços e de mobilidade. “Isso faz com que os moradores antigos e seus descendentes não saiam de lá de jeito nenhum! São bairristas, no bom sentido”, diz.
A chegada da estação de metrô Alto do Ipiranga, em 2007, deu um importante impulso ao desenvolvimento imobiliário na região. Agora, com a reabertura do museu, em 2022, Gabriela acredita que o mesmo efeito possa se repetir.
“Os visitantes do museu poderão conhecer também um pouco mais da dinâmica do bairro e se encantar por ele”, avalia. No Ipiranga, a Mitre tem dois empreendimentos: Haus Mitre Platô e Santa Cruz. “Sem dúvida, morar perto do metrô, de um espaço cultural espetacular e de um parque para ir com os filhos no fim de semana é um excelente atrativo”, acrescenta.
Quem também apostou no bairro nos últimos anos foi a Fibra Experts. Uma aposta bem-sucedida, diga-se! O empreendimento Las Villas, com projeto do escritório Königsberger Vannucchi Arquitetos Associados, foi entregue há três anos, e 100% de suas unidades estão vendidas.
Com quatro edifícios de térreo e três andares, Las Villas tem 124 apartamentos de 81 a 108 metros quadrados. “O residencial tem uma área de lazer muito generosa e, como há restrição de altura na área, os prédios baixos criaram uma atmosfera de vila no condomínio”, afirma Dalton Guedes, diretor de Incorporação da Fibra.
O executivo vê o Ipiranga em transformação e o define como uma oportunidade para a classe média. “É um bairro que está perdendo a característica fabril e ganhando projetos imobiliários a preços mais atraentes do que nos vizinhos Vila Mariana, Saúde e Chácara Klabin.”
É A MOOCA, BELO!
Outro bairro que ajuda a contar a História de São Paulo é a Mooca. Fundada por padres jesuítas em 17 de agosto de 1556, fica entre a Zona Central e a Zona Leste. Em meados do século XIX, tornou-se um importante polo industrial da capital, atraindo um grande contingente de imigrantes italianos.
Não por acaso, o clube de futebol do bairro chama-se Juventus — uma homenagem à agremiação original de Turim. Outras referências podem ser reconhecidas nos estabelecimentos comerciais, com restaurantes e docerias famosas pelas receitas italianas.
O mooquense é igualmente orgulhoso de seu bairro. “O clima de cidade interiorana, em que as pessoas se conhecem, cumprimentam-se na rua e criam laços de amizade, gera uma sensação de pertencimento única”, descreve Tellio Totaro, superintendente de Incorporação da Eztec e morador da Mooca.
A empresa, aliás, está prestes a lançar no bairro um desenvolvimento urbano em um terreno de 49 mil metros quadrados, próximo ao futuro Parque da Mooca. Na primeira fase, a área receberá o projeto Mooca Città.
“Serão dois condomínios com 350 unidades habitacionais e grande variedade de plantas, criadas pelo escritório MCAA Arquitetos, para atender públicos diversos que busquem morar no pedaço mais nobre do bairro”, diz Totaro. Segundo ele, em dez dias de estande aberto, mais de 700 famílias visitaram o espaço em busca de informações.
O CENTRO VIVE
No Centro da capital paulista, onde tudo começou, o processo de transformação imobiliária também segue em ritmo acelerado. Desde o lançamento em 2021 do programa Requalifica Centro, da Prefeitura de São Paulo — que concede incentivos fiscais a interessados em requalificar edifícios antigos —, a região vem atraindo incorporadores especializados em retrofit. Entre março e outubro do ano passado, 11 projetos do tipo foram aprovados.
“A recuperação do Centro acontece, e não há risco de regressão. Autoridades públicas e forças da sociedade civil estão unidas em torno desse propósito”, afirma Bruno Scacchetti, CEO da Metaforma Inc., responsável pela requalificação do edifício Basílio 177, na região da República.
Quando for entregue, em agosto de 2025, o empreendimento de uso misto com projeto da Metro Arquitetos ocupará um edifício histórico, em estilo art déco, concebido originalmente pelo escritório de arquitetura de Ramos de Azevedo — o mesmo que projetou o Mercado Municipal e o Teatro Municipal de São Paulo.
O executivo percebe o fluxo de pessoas crescer na região, aproveitando as opções culturais, de entretenimento e gastronomia, e o interesse dos comerciantes vizinhos que vão reformar seus estabelecimentos para atender esse novo público. “A maior parte dos compradores dos apartamentos é de investidores interessados em alugar no modelo ‘long stay’ ou pessoas que desejam efetivamente morar no Centro.
Fonte: Valor Econômico