Até os 32 anos, Jéssica Barbosa acreditava que Judith Alves Macedo, sua avó paterna, havia falecido em um acidente de carro. A história que lhe era contada desde a infância ganhou uma reviravolta quando a atriz se deparou com uma fotografia em um livro e ouviu um relato familiar, gatilhos que despertaram nela a busca pela história real de Judith. A mulher negra, mãe de cinco filhos, foi internada compulsoriamente em um hospital psiquiátrico, onde permaneceu até sua morte, em 1958. “Em busca de Judith” é um espetáculo idealizado por Jéssica e Pedro Sá Moraes, que também assina a direção, e trata das buscas e descobertas dessa história, permeada pelo silenciamento das vozes femininas e por questões que atravessam o sistema manicomial.
A luta antimanicomial atravessa décadas, garantindo os direitos de pessoas em sofrimento psíquico, incluindo mulheres, crianças, povos indígenas, negros, LGBTQIA+, homens, população de rua e pessoas que necessitam de cuidados. O último manicômio em atividade no Rio de Janeiro foi fechado em julho de 2022 na Colônia Juliano Moreira, onde ocorreu a pesquisa e o desenvolvimento do projeto “Em Busca de Judith”, em parceria com o Museu Bispo do Rosário, por meio do Programa Casa B de residência artística.
Sobre os artistas criadores:
Jéssica Barbosa é atriz e realizadora baiana com uma produção artística voltada para temas como negritude, saúde mental, feminismo e corpos não hegemônicos. Formada pela Escola Técnica Martins Penna e licenciada em dança pela Faculdade Angel Vianna, atualmente é mestranda em dança pelo PPGDAN – UFRJ. Participou de peças teatrais como “Chega de Saudade” (2022), dirigida por Marco André Nunes, e “Em Busca de Judith” (2022), dirigida por Pedro Sá Moraes. Trabalhou com grandes nomes da cena teatral, como Aderbal Freire Filho (Orfeu da Conceição), Juracy de Oliveira (Nordeste Místico) e Marco André Nunes (Mar de Ressaca). Foi indicada como melhor atriz no Festival do Rio (2021) pelo filme “O Pai da Rita”, de Joel Zito Araújo, e ganhou destaque público pelo filme “Besouro”. Durante três anos, foi artista residente do Programa Casa B, do Museu Bispo do Rosário, onde realizou a série de encontros “Interfaces: arte e saúde mental” e “Em Busca de Judith”.
Pedro Sá Moraes estreou em 2018 o solo “A Paixão de Brutus”, uma adaptação autoral de “Júlio César” de Shakespeare, circulando entre música e teatro narrativo e dramático, com direção de Norberto Presta. Em 2021, estreou, contemplado pelo Edital da Lei Aldir Blanc, a peça-filme “Em Busca de Judith”, um solo da atriz Jéssica Barbosa, da qual Sá Moraes assina a dramaturgia, a direção e todas as canções inéditas. Desde 2020, dedica-se a aprofundar sua pesquisa sobre a relação entre a música popular brasileira e o teatro, por meio de um doutorado em Artes Cênicas (à distância), pela UNICAMP.
Ficha Técnica
Idealização e dramaturgia: Jéssica Barbosa e Pedro Sá Moraes
Atriz: Jéssica Barbosa
Músicos/performers: Alysson Bruno, Loiá Fernandes e Muato
Direção, direção musical e composições originais: Pedro Sá Moraes
Supervisão de direção e criação da iluminação: Fabiano Dadado de Freitas
Direção de movimento, preparação corporal e assistente de direção: Leandro Vieira
Direção e fotografia (imagens peça-filme): Breno Cunha
Visagismo: Diego Nardes
Cabelo: Lucas Tetteo
Figurino: Cris Rose
Cenografia: Ana Rita Bueno e Zé Andery
Objeto de cena (cajado): Xandy Carvalho
Montagem e operação de luz: Lu Maya
Montagem e operação de som: Bob Reis
Produção: Corpo Rastreado
Assessoria de imprensa: Márcia Novaes (canal aberto)
Edição de imagens redes sociais: Wallace Nogueira
Fonte: Sesc São Paulo